Um Arranhão Muda Tudo: O Sorrateiro Caminho da Esporotricose
- rotarynileste
- 6 de jul.
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Há doenças que chegam como um trovão: barulhentas, imediatas, difíceis de ignorar. Outras, porém, são como a brisa fria que entra pela fresta da janela e ninguém nota. A esporotricose ou "doença do gato" é assim: silenciosa, persistente e, por isso mesmo, perigosa.
Ela parece inofensiva, disfarçada num arranhão de gato ou num ferimento quase imperceptível na pele. É nesse detalhe – nesse descuido cotidiano – que se inicia o ciclo de uma infecção que pode se tornar longa e dolorosa, tanto para os animais quanto para os seres humanos.
A esporotricose é uma doença causada por um fungo chamado Sporothrix schenckii, que habita o solo, plantas e principalmente as garras e focinhos de felinos contaminados. Diferentemente de outros problemas de pele, ela não se resolve sozinha. A ferida cresce, cria crostas, inflama, dói. Em alguns casos, pode até se espalhar para outras partes do corpo.
O Brasil enfrenta uma epidemia silenciosa dessa enfermidade, e a região Sudeste concentra o maior número de casos. A Baixada Fluminense, onde vivemos e atuamos como Rotary, também convive com o desafio de aumentar a informação da população e apoiar o tratamento dos infectados. Muitos tutores não têm acesso à informação clara e aos serviços veterinários que poderiam prevenir e conter a disseminação.
No Estado do Rio de Janeiro, a situação é particularmente preocupante. Desde o início da série histórica, em 1998, até o ano de 2021, foram notificados 12.294 casos humanos de esporotricose, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. Desses registros, 4.081 casos (33%) ocorreram somente na Região Metropolitana II, que engloba diversos municípios da Baixada Fluminense, incluindo Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita e Nilópolis. Em Nova Iguaçu, estima-se que mais de 1.000 casos humanos tenham sido contabilizados apenas entre 2019 e 2021, confirmando o caráter endêmico da doença na região. Esses números reforçam a importância de programas contínuos de prevenção, educação em saúde e apoio ao diagnóstico e tratamento. Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro – Boletim Epidemiológico da Esporotricose, junho de 2022.
Por que a esporotricose preocupa tanto?
Porque ela é uma zoonose – isto é, uma doença que passa do animal ao humano. E, quando não tratada a tempo, pode exigir meses de medicação antifúngica, curativos e, não raro, afastamento das atividades habituais.
Por isso, nossa responsabilidade vai além de cuidar dos nossos animais domésticos: ela começa quando entendemos que proteger a saúde deles é também proteger a nossa.
Prevenção Começa em Casa
Algumas medidas simples podem evitar que a doença se instale ou se espalhe:
Evitar que gatos circulem livremente na rua. O contato com ambientes contaminados é a principal forma de contágio.
Identificar feridas precocemente. Toda lesão que não cicatriza deve ser avaliada por um veterinário.
Usar luvas ao manipular gatos suspeitos de estarem contaminados.
Encaminhar o animal para tratamento adequado. Não há cura espontânea, e a medicação só pode ser prescrita por profissionais.
Para quem convive com a doença na família – seja humana, seja felina – fica a lição de que informação salva vidas. É nosso dever como cidadãos e agentes comunitários disseminar essas orientações com respeito e empatia.
Um Compromisso com a Saúde Única
No Rotary Club de Nova Iguaçu-Leste, acreditamos na força do conceito de “saúde única” – a compreensão de que seres humanos, animais e meio ambiente formam um mesmo sistema. Quando um elo se rompe, todos adoecem.
Por isso, convidamos você a fazer parte desta corrente de conscientização. Fale com seus vizinhos, amigos e familiares sobre a importância da prevenção. Se tiver condições, apoie ou divulgue iniciativas de castração, vacinação e atendimento veterinário em comunidades carentes.
Cuidar de um animal não é apenas alimentá-lo: é garantir que ele não se torne, sem querer, um vetor de sofrimento. É agir com responsabilidade para que cada arranhão não seja o início de uma longa batalha.
Se você tem dúvidas ou deseja conhecer projetos do Rotary que apoiam causas de saúde pública e bem-estar animal, estamos à disposição para ajudar.

Juntos, transformamos informação em proteção e empatia em cuidado.
Onde buscar informações e atendimento:
Central de Atendimento ao Cidadão (1746): Pode ser acionada para informações e dúvidas sobre a esporotricose.
Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro: Também pode ser procurada para informações e orientações.
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ): Para atendimento clínico a animais, como gatos, com esporotricose.
Centro Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman: Para atendimento clínico a animais com esporotricose.
Site da Prefeitura do Rio de Janeiro: Pode conter informações sobre esporotricose e serviços relacionados.
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